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A pizza com sotaque castelhano
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Leia a experiência de Pedro Pernambuco no evento que quebrou o recorde mundial do número de pizzas em 12 horas!
No último dia 11 de novembro estive em Buenos Aires a convite da Appyce (Asociación de Propietarios de Pizzerías y Casas de Empanadas) para participar de um evento que foi, sem dúvida alguma, o mais incrível que já participei: a quebra de recorde para o Guinness.
Isso mesmo, Guinness. E lá estava eu, em meio aos argentinos, para compartilhar com nossos hermanos o sonho de superar a marca de 10.065 pizzas produzidas por equipe no tempo de 12 horas, sem interrupção.
A marca a ser superada era dos italianos, que a atingiram em 13 de junho de 2017 em Roma. Mas, nós conseguimos nosso objetivo, na verdade conseguimos superar nossa meta inicial de 11.000 pizzas e atingimos a marca de 11.287 pizzas produzidas em 12 horas.
Quando a representante do Guinness anunciou o resultado juro que vi o Obelisco balançar em plena Avenida Nueve de Julio. O local onde foi realizado o evento ficou tão pequeno, que me senti na La Bombonera durante um jogo do Boca Juniors. Que energia tem nossos hermanos.
Mas, me deixa contar a emoção que senti desde o início. Às 6 horas da manhã chegamos ao local do grande desafio, a Diagonal Norte, que fica bem em frente ao Obelisco. Comigo estavam dois amigos e pizzaiolos de mão cheia: Elvis Pereira, de Foz do Iguaçú, PR, e Peterson Seco, de Canela, RS.
A fila para retirarmos nossas credenciais já estava formada e longa, mesmo com o céu nublado de Buenos Aires. E dali mesmo já dava para perceber a energia que iria dominar o dia: uma mistura de ansiedade, alegria e, claro, receio de não atingirmos o objetivo.
No total foram 400 pessoas envolvidas, entre profissionais e colaboradores. Os profissionais foram separados em 10 equipes, que iam se revezando a cada 60 minutos. Eram 5 cinco estações de trabalho e em cada uma delas 2 equipes se revezavam ao sinal sonoro que indicava o término do tempo.
Fiquei responsável por ser um dos que abriria os discos em meu grupo, e, seguindo numa linha de produção bem engrenada, as pizzas eram montadas, etapa a etapa: primeiro molho, depois a cobertura, levadas ao forno e ao saírem eram colocadas em caixas. Se estivessem com 35 cm de diâmetro, o responsável pela aferição dava o OK e a pizza era validada, caso contrário, recusada e nosso trabalho em vão.
Na primeira bateria de 60 minutos meu grupo fez perto de 180 pizzas válidas. Os demais grupos fizeram próximos a essa marca também, mas, somando todas as pizzas produzidas, ficamos abaixo do desejado. Veio a segunda bateria e também não conseguimos atingir as 900 pizzas/hora que deveríamos fazer para alcançar a meta de 11.000 pizzas.
Nessa hora escutamos nos alto-falantes que erámos capazes de realizar esse sonho e que a quebra do recorde dependia do nosso esforço, foco e organização, que por sinal a Appyce fez um trabalho impecável no quesito organização.
Senti na pele a energia da raça argentina, a mesma que aflora quando faltam alguns minutos para o término de uma final de futebol, e a partir daí o que presenciei foi muito empenho e foco. E não tinha como ser diferente. Nesse momento me senti parte deles, um brasileiro com corazón argentino.
A cada atualização dos números a vibração acontecia, 1.100, 1.250 pizza/hora. Só dependia da gente e da sinergia que tomou conta do ambiente. O clima de cooperação foi até o final do período e às 20h o cronômetro zerou. A ansiedade tomou conta, pois não sabíamos o resultado, ainda restavam as últimas pizzas serem contabilizadas.
A quantidade de pizzas não aprovadas não sei dizer, por que após a representante do Guinness anunciar o resultado de 11.287 pizzas e de parabenizar os argentinos pelo feito, confesso que a alegria foi tanta que não prestei atenção em mais nada.
Queria aproveitar para parabenizar meus hermanos argentinos pela iniciativa e agradecer por terem me permitido participar desse momento histórico, único em nossas vidas. Naquele domingo, de 11 de novembro de 2018, o sonho deles foi o meu sonho. E a pizza ganhou um sotaque castelhano.
Ah! Não posso deixar de mencionar que as 11.287 pizzas foram vendidas em prol de duas instituições: a Fundación Leandro Olmos e a ASDRA, essa última desenvolve um trabalho com pessoas com síndrome de down.
#somostodoshermanos #hacemospizzasporunmundomejor
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